O governo angolano está a preparar-se para receber um número indeterminado de cidadãos que poderão ser repatriados de vários países, incluindo Portugal e os Estados Unidos da América. A medida surge na sequência de notificações formais recebidas por Angola de serviços migratórios estrangeiros, alertando para a presença de cidadãos angolanos em situação ilegal.
A iniciativa inclui a criação de uma comissão multissetorial, composta por diferentes ministérios e organismos do Estado, com o objetivo de garantir um acolhimento organizado e digno dos repatriados.
Recentemente, o governo português anunciou intenções de endurecer o controlo migratório e proceder à expulsão de milhares de estrangeiros em situação irregular — entre os quais estão cidadãos de origem angolana. A decisão das autoridades portuguesas vem aumentar a pressão sobre os países de origem desses migrantes.
Em declarações à imprensa, o secretário de Estado para a Cooperação Internacional e Comunidades Angolanas, Domingos Vieira Lopes, minimizou a polémica em torno das deportações, sublinhando tratar-se de um procedimento comum no âmbito do cumprimento da legalidade migratória.
“Tal como Angola também faz com estrangeiros em situação irregular no nosso território, outros países fazem o mesmo com os nossos cidadãos. Trata-se de um processo normal de regulação migratória. Emitimos salvo-condutos quando necessário, e os países de acolhimento fazem o mesmo”, afirmou o diplomata.
Vieira Lopes garantiu ainda que o país está tecnicamente preparado para acolher todos os cidadãos expatriados, assegurando que o processo será acompanhado com responsabilidade pelas autoridades nacionais.
“Recebemos notificações de forma regular, consoante os critérios definidos pelas autoridades estrangeiras. Já temos uma equipa no terreno para assegurar o regresso e reintegração dos cidadãos angolanos”, reforçou.
Apesar do anúncio, o Ministério das Relações Exteriores de Angola admite não ter dados atualizados sobre o número de cidadãos angolanos em situação ilegal em diferentes geografias, incluindo na Europa e América do Norte.
A crescente tendência de deportações coloca novos desafios às autoridades angolanas, tanto no plano logístico como social, especialmente no que diz respeito à reintegração dos repatriados no tecido económico e comunitário do país.