Cirurgiões moçambicanos reforçam bloco operatório em São Tomé e Príncipe com experiência e solidariedade

O sistema nacional de saúde recebeu um reforço considerado estratégico, uma equipa de especialistas moçambicanos chegou ao arquipélago para trabalhar lado a lado com os profissionais são-tomenses no bloco operatório do Hospital Central Ayres de Menezes. A missão, composta por cirurgiões gerais, anestesistas e técnicos, permanecerá no país durante várias semanas, numa ação que alia cooperação, solidariedade e transferência de conhecimentos.

As salas de cirurgia do principal hospital do país são, muitas vezes, palco de longas listas de espera. Doentes que necessitam de intervenções cirúrgicas veem-se obrigados a aguardar semanas, por vezes meses, devido à escassez de especialistas. Foi nesse contexto que a chegada dos colegas moçambicanos ganhou especial simbolismo, trazendo não apenas mão de obra qualificada, mas também esperança para centenas de pacientes.

O cirurgião são-tomense Pascoal de Apresentação destacou a importância prática da missão. “O apoio que estamos a receber vai permitir acelerar as cirurgias pendentes e garantir que muitos doentes que estavam à espera de uma resposta possam finalmente ser atendidos. É um reforço que tem impacto imediato na vida das pessoas”, assegurou.

Para a diretora clínica do Hospital Ayres de Menezes, Bonanza Aragão, esta cooperação ultrapassa a simples presença de médicos convidados. “Estamos a falar de uma verdadeira partilha de experiências. Os colegas moçambicanos trazem técnicas, métodos de trabalho e até visões diferentes, que vão enriquecer a prática médica local. É um investimento direto no capital humano do nosso hospital”, afirmou, sublinhando que a parceria poderá servir de base para colaborações mais regulares.

O cirurgião moçambicano Jotam Kome, porta-voz da missão, reforçou que o objetivo vai além da realização de operações. “Queremos deixar uma marca duradoura, capacitando os nossos colegas são-tomenses. O intercâmbio científico e a aprendizagem mútua são tão importantes quanto a cirurgia em si. Só assim a cooperação se torna sustentável”, frisou.

Além do trabalho clínico, a missão médica prevê a realização de sessões práticas e teóricas com médicos internos e enfermeiros do hospital. A ideia é criar um espaço de aprendizagem contínua, onde a experiência se transforme em conhecimento multiplicador para o futuro.

No coração desta parceria está a filosofia da cooperação Sul-Sul, que aposta no reforço dos laços entre países africanos, transformando desafios comuns em oportunidades partilhadas. A presença da missão moçambicana em São Tomé e Príncipe simboliza não apenas a solidariedade entre dois povos irmãos, mas também a construção de uma rede de saúde africana mais forte e preparada para responder às necessidades das suas populações.

Com bisturis prontos e experiência comprovada, os cirurgiões moçambicanos já começaram a operar, devolvendo não apenas saúde, mas também confiança e esperança a dezenas de famílias são-tomenses.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *