São Tomé, 5 de dezembro de 2025 — Um grupo de cidadãos saiu às ruas, esta sexta-feira, numa manifestação convocada para denunciar a prolongada crise de energia e água que afeta São Tomé e Príncipe.
Hidranilda Barroso, uma das organizadoras da manifestação, explicou que a mobilização surgiu da urgência em exigir soluções concretas por parte das autoridades. Segundo ela, a falta de energia, que já dura vários meses, tem provocado prejuízos financeiros, afetado o bem-estar das famílias e aumentado o sentimento de insegurança.
“Sou mãe de cinco filhos. As pequenas economias que fazemos acabam por se perder, porque a comida estraga sem conservação. Vivemos na escuridão, num momento em que já há tanta violência no país. Sem água e sem luz, a situação está muito difícil”, lamentou.
Hidranilda também criticou o bloqueio do trânsito efetuado pela polícia na zona da concentração. Para a organização, as barreiras colocadas dificultaram o fluxo das pessoas e podem ter contribuído para a redução do número de participantes, apesar de o grupo ter comunicado previamente a realização do ato à Câmara Distrital, aguardando a competente autorização.
Artur Valério, outro dos organizadores, reforçou que o principal problema foi uma suposta falha de comunicação entre a organização e as autoridades, o que resultou num ambiente de tensão no local. Segundo ele, apesar da autorização emitida pela Câmara, a presença de dezenas de agentes e o bloqueio das vias criaram receio entre muitos cidadãos.
“Quando vemos tanta intervenção policial, as pessoas ficam com medo. Muitos queriam participar, mas recuaram por causa disso. Já houve situações em que a polícia agrediu pessoas em casos simples, então o povo acaba por evitar”, afirmou.
Valério destacou ainda que a manifestação tinha caráter pacífico e não possuía qualquer motivação política. “Viemos apenas expressar o nosso descontentamento. Hoje ninguém consegue fazer compras para o mês, porque sem energia a comida estraga. Isso afeta toda a população.”
O organizador classificou a presença policial como “excessiva” e questionou a razão pela qual a população continua a pagar o mesmo valor das faturas de eletricidade num período marcado por cortes prolongados.
“Se não há energia, por que razão pagamos o mesmo valor?”, criticou.
Quando questionado sobre a possibilidade de novos protestos, Valério não descartou a realização de futuras mobilizações. Segundo ele, caso a situação permaneça inalterada, os organizadores poderão voltar a reunir a população e tentar aumentar a adesão para uma manifestação de maior escala.