Lembá, 4 de março – A ministra do Ambiente, Nilda da Mata, e o presidente da Câmara Distrital de Lembá, Guilherme Inglês, protagonizaram nesta sexta-feira um encontro decisivo que pode marcar um ponto de viragem na luta contra o abate ilegal de árvores em São Tomé e Príncipe. O distrito de Lembá, considerado um dos epicentros desta prática destrutiva, foi palco de um debate direto, sem rodeios, onde se exigiu ação imediata e firme.
O encontro, carregado de tensão e urgência, teve como foco principal a crescente devastação das florestas santomenses, alimentada por cortes descontrolados e o uso indiscriminado de motosserras – muitas vezes sem qualquer tipo de registro ou autorização legal. “Se continuarmos neste ritmo, dentro de dois ou três anos estaremos a lamentar a perda irreversível de parte do nosso património natural”, alertou a ministra, sem poupar palavras.
Nilda da Mata foi clara: a lei não proíbe o corte de árvores, mas exige que seja feito de forma coordenada e sustentável. “Não podemos usar todos os recursos hoje e deixar as gerações futuras sem nada. É preciso cortar com cabeça, respeitando os limites e criando alternativas”, reforçou, deixando no ar a crítica implícita à falta de fiscalização e à passividade de alguns setores.
Entre as soluções propostas, destacam-se a criação de postos de controlo, maior presença das autoridades nas zonas críticas, campanhas de sensibilização nas comunidades locais, e sobretudo, uma nova coordenação entre os serviços da Câmara, Direção das Florestas e Ministério do Ambiente. “Todos têm que sair da zona de conforto. Este é um problema de todos nós, não apenas do governo”, disparou a ministra.
Guilherme Inglês, por sua vez, reconheceu a gravidade da situação e afirmou que o distrito está disposto a colaborar na linha da frente. “As nossas florestas estão a ser destruídas. Temos árvores únicas a desaparecer. Precisamos de ações concretas, e rápido”, declarou o presidente da câmara, fazendo um apelo direto aos carvoeiros e demais responsáveis pelo abate: “A tambarineira, por exemplo, está a desaparecer. É uma questão de consciência nacional”.
Ambos os líderes deixaram claro que esta é apenas a primeira de várias iniciativas. Após Lembá, a comitiva segue para o distrito de Caué, igualmente afetado pela devastação florestal. “Estamos a lançar as bases de uma nova política ambiental descentralizada, onde o poder local não é espectador, mas sim protagonista”, concluiu Nilda da Mata.
Com palavras firmes e compromissos assumidos, o recado foi dado: quem insiste no corte ilegal, que se prepare – a fiscalização vem aí, e desta vez, não é conversa de gabinete.