A riqueza cultural do arquipélago vai além das expressões artísticas tradicionais, e o comprometido do governo em dar à cultura o espaço e o reconhecimento que ela merece foram assuntos que mais se destacaram no discurso da ministra da educação, Isabel Abreu na cerimônia oficial de abertura do Mês da Cultura Nacional que decorreu no Pavilhão Dona Alda do Espírito Santo do Liceu Nacional.
A Ministra da Educação, Cultura, Ciência e Ensino Superior, Isabel Abreu que discursava diante de um público composto por altas figuras do Estado, intelectuais, artistas e empreendedores culturais, fez uma defesa apaixonada da cultura são-tomense como motor essencial do desenvolvimento nacional e da identidade coletiva do país.
Desde os primeiros minutos do seu discurso, Isabel Abreu deixou claro que a cultura não pode ser tratada como um elemento secundário, mas sim como um factor central para o fortalecimento da sociedade e da economia são-tomense. “A cultura não é um adorno da nossa história, mas sim a base da nossa identidade. É através dela que nos reconhecemos, que nos afirmamos e que projetamos São Tomé e Príncipe para o mundo”, afirmou.
A ministra acrescentou que a riqueza cultural do arquipélago vai além das expressões artísticas tradicionais, abrangendo também os modos de vida, as crenças, os costumes e os saberes transmitidos de geração em geração. “Cada dança, cada canção, cada conto popular que preservamos e transmitimos são fragmentos vivos da nossa história, peças fundamentais do nosso legado enquanto nação”, frisou.
A escolha do mês de abril para esta celebração cultural não foi feita ao acaso. Isabel Abreu ressaltou que abril é um mês emblemático, marcado pelo nascimento de grandes vultos da cultura santomense e internacional, como José de Almada Negreiros, José Viana da Mota, Caetano da Costa Alegre e, sobretudo, Alda Espírito Santo, que este ano será a grande homenageada.
“Celebrar Alda Espírito Santo não é apenas recordar sua obra, mas reafirmar os valores que ela tanto defendeu: a liberdade, a identidade nacional e a força do povo santomense. Sua poesia e sua luta são um testemunho da resistência e do orgulho de sermos quem somos”, avançou a ministra, anunciando que este ano as festividades estarão fortemente ancoradas na vida e no legado da poetisa.
Com um tom firme, Isabel Abreu assegurou que o 19º governo constitucional está comprometido em dar à cultura o espaço e o reconhecimento que ela merece. Entre as iniciativas em curso, a ministra destacou a atualização da Carta da Política Cultural e a submissão de bens culturais santomenses à UNESCO para reconhecimento como Patrimônio Mundial.
“Preservar e valorizar nossa cultura exige mais do que discursos. Requer políticas públicas robustas, ações concretas e um esforço coletivo que envolva o Estado, a sociedade civil e os próprios fazedores da cultura”, reforçou. A ministra salientou que o governo está empenhado em fortalecer a infraestrutura cultural do país, promovendo a recuperação de espaços culturais, o apoio a artistas e a dinamização da economia criativa.
Isabel Abreu também alertou para os desafios enfrentados pelo setor, incluindo a falta de financiamento adequado, a desvalorização de expressões culturais tradicionais e a crescente influência de culturas externas. “Precisamos proteger o que é nosso. A cultura santomense é única e inestimável, e devemos tratá-la como tal”, afirmou.
Entre os momentos mais aguardados do Mês da Cultura, Isabel Abreu anunciou a realização da Primeira Conferência Nacional sobre Alda Espírito Santo, agendada para os dias 29 e 30 de abril. O evento reunirá estudiosos, escritores, artistas e membros da sociedade civil para discutir a influência da poetisa na literatura santomense e africana, bem como sua importância na construção da identidade nacional.
“Alda Espírito Santo foi mais do que uma escritora. Ela foi uma força revolucionária, uma educadora incansável, uma embaixadora da nossa cultura. Esta conferência será um marco na valorização do seu legado e um incentivo para que as novas gerações conheçam e perpetuem a sua obra”, declarou.
A ministra sublinhou que a conferência será apenas o início de um conjunto de ações para promover a literatura santomense, incluindo a publicação de edições comemorativas das obras de Alda Espírito Santo, a introdução de sua poesia nos currículos escolares e a criação de projetos que incentivem a leitura e a escrita entre os jovens.
Encerrando seu discurso, Isabel Abreu lançou um apelo veemente para que toda a sociedade santomense se engaje na preservação e na promoção da cultura nacional. “A cultura não se faz sozinha. Ela precisa de cada um de nós – do Estado, dos artistas, das escolas, das famílias, das comunidades. Se queremos um São Tomé e Príncipe mais forte e mais respeitado, precisamos investir naquilo que nos torna únicos”, declarou.
A ministra da educação e cultura convidou todos a participarem ativamente nas atividades programadas para o Mês da Cultura, desde exposições e debates até espetáculos e feiras culturais. “Que este mês seja um verdadeiro reflexo da nossa diversidade e da nossa criatividade. Que possamos celebrar nossa cultura não apenas em abril, mas todos os dias, como um compromisso contínuo com a nossa identidade e o nosso futuro”, concluiu.
A cerimônia de abertura prosseguiu com apresentações artísticas que evidenciaram a riqueza e a autenticidade da cultura santomense, desde performances de música e dança tradicional até exposições de artes plásticas e literatura.
Com um discurso impactante e uma visão clara sobre os desafios e oportunidades do setor cultural, Isabel Abreu marcou a abertura do Mês da Cultura com um chamado à valorização da identidade nacional e à construção de um futuro em que a cultura seja reconhecida como um dos pilares fundamentais do desenvolvimento de São Tomé e Príncipe.