Com os termómetros a subir e as chuvas cada vez mais imprevisíveis, São Tomé e Príncipe levanta a voz em defesa das crianças. Esta quarta-feira, no Hotel Praia, o governo e a UNICEF deram um passo crucial: validaram dois documentos estratégicos que podem mudar o rumo do país face à crise climática.
A Análise de Paisagem Climática para Crianças e o Plano de Ação Climática 2025-2029 surgem como bússolas num mar revolto. Estes documentos, resultado de mais de seis meses de trabalho técnico, pretendem orientar políticas públicas concretas, eficazes e humanas, com um foco claro: proteger crianças e adolescentes dos impactos mais cruéis das alterações climáticas.
A Ministra do Ambiente, Nilda da Mata, foi categórica ao usar a palavra “emergência”.
“Já não se trata de prever o que pode acontecer. Trata-se de reagir ao que já está a acontecer – e com urgência.”
O país já sente na pele as secas prolongadas, as inundações destrutivas, o calor extremo e a insegurança alimentar. As escolas fecham com as tempestades. As colheitas falham com o clima. E os sonhos das crianças são empurrados para a margem.
As meninas, alertou a ministra, vivem um duplo drama. Muitas percorrem longas distâncias em busca de água, expondo-se à exaustão física, riscos de saúde e violência de género.
Mas a ministra também sublinhou avanços. Falou do Projeto ACA, que realojou famílias em zonas de risco para áreas mais seguras e urbanizadas. Mencionou ainda o Plano Nacional de Adaptação (NAP), em fase final, que promete reforçar a resiliência do país às alterações do clima.
A representante adjunto da UNICEF, Débora Nandja realçou o compromisso:
“O clima está a roubar o futuro das nossas crianças. E são elas que menos contribuíram para esta crise. Este plano é uma ferramenta para mudar essa realidade e ajudar o governo a proteger os mais vulneráveis.”
Este workshop organizado pela UNICEF não foi apenas uma reunião técnica — foi um grito de consciência coletiva.
Com a validação destes documentos, São Tomé e Príncipe posiciona-se como um pequeno Estado insular com uma visão grande, ambiciosa e centrada na justiça climática.
Porque, como foi dito, as crianças não têm culpa da crise climática — mas podem ser as maiores vítimas da nossa inação.
Agora, é hora de transformar compromissos em ações.
Porque proteger as crianças é proteger o coração e o futuro da nação.