No silêncio dos campos de Canavial, um novo som ecoa: o som das espigas de arroz a serem cortadas, recolhidas e secas com orgulho por quem acredita que São Tomé e Príncipe pode, sim, produzir aquilo que consome.
À frente desta mudança está Olavo Moreno, agricultor de raiz, que há anos cultiva milho, mas que agora abraça o arroz como símbolo de resistência agrícola e visão de futuro.
“Muita gente está a emigrar pensando que lá fora a vida é melhor. Mas aqui também há trabalho. Temos terra boa, técnica chinesa e vontade. A minha missão agora é cultivar arroz e mostrar que é possível viver da terra”, afirmou Olavo com convicção.
A plantação, ainda em fase experimental, já gerou resultados animadores. Segundo Moreno, o arroz híbrido está a rebrotar logo após a colheita:
“É impressionante. Eu já cortei e o arroz começou logo a dar rebentos. Em poucos meses, volto a colher. Isso nunca me aconteceu antes, mas agora com a técnica da equipa chinesa, estou preparado e até posso ensinar outros agricultores.”
Para além de inovação, há um objetivo claro: reduzir a dependência das importações.
“Nós gastamos muito dinheiro a importar arroz. Mas se produzirmos aqui, o arroz fica mais barato e alimentamos o nosso povo. Esse campo é pequeno, mas vai provar que São Tomé pode voltar a produzir arroz de verdade.”
Muitas terras férteis continuam abandonadas em Lobata. O vereador Ronaldo Suárez Lopes lamenta o abandono, mas vê sinais de mudança:
“Essas terras estão ali à espera. Mas temos que convencer os nossos jovens que a agricultura é um caminho. O conselho que deixo é: fiquem, cultivem. O desenvolvimento não vem de fora. Está na terra.”
Para a Câmara Distrital, esta experiência pode ser o início de uma transformação agrícola local:
“O poder local está comprometido. Vamos identificar mais áreas, apoiar os agricultores e estimular a produção. Não é só arroz: há potencial para milho, mandioca, fruta. Lobata tem tudo. Só falta pôr a mão na massa.”
O projeto-piloto é acompanhado de perto por técnicos chineses e pelo Ministério da Agricultura. Olavo Moreno garante que está preparado para escalar a produção, com mais áreas, mais técnicas e mais partilha:
“Se tiver apoio, eu produzo para o país inteiro. O importante agora é que o governo nos incentive. Com uma hectare consigo 7 toneladas de milho. Imagine o que podemos fazer com arroz, se mecanizarmos tudo.”
A zona de Canavial tem caracteristicas bem especificas que não se encontram em outras zonas do pais.
Quantos kilos de arroz foram produzidos ???? Quantas toneladas de arroz o pais importa anualmente (mais ou menos 10 mil ou um bocadinho mais).
Qual e o impacto da cultura de arroz de sequeiro (sem sistemas tipo VietNam ou Madagascar, China de inundação total) nos solos no mundo ( Acidificação, esterilização, degradação)