Economia na Ilha do Príncipe sob pressão: população enfrenta preços estáveis apesar de isenções e cortes no combustível

ILHA DO PRÍNCIPE — A população da Ilha do Príncipe permanece insatisfeita, mesmo após a isenção das taxas portuárias e a recente baixa no preço dos combustíveis anunciadas pelo governo. Os preços dos alimentos e do pescado continuam a se manter estáveis e elevados, gerando dúvidas sobre a eficácia das medidas tomadas.

Os moradores explicam que o alto custo dos produtos se deve, em parte, à dependência da ilha em relação à capital São Tomé para o abastecimento, onde os preços ainda são altos e as mercadorias escassas.

“Aqui, os produtos continuam caros porque compramos a preços altos em São Tomé, e a taxa de alfândega não ajuda muito, mesmo com a isenção recente”, relata uma vendedora local.

Os pescadores, por sua vez, defendem que o preço do pescado é condicionado pela oferta e demanda, além dos fatores logísticos que afetam a distribuição, e que a baixa no combustível ainda não teve reflexo direto nos preços.

Essa situação revive antigos padrões de reclamações da população, muito semelhantes aos enfrentados durante o governo de Jorge Bom Jesus, entre 2018 e 2022, um período marcado por dificuldades económicas, instabilidade política e negociações tensas com o FMI, que refletiram na economia local e no poder de compra dos cidadãos da Ilha do Príncipe.

Durante o governo de Patrice Trovoada, a ilha desfrutou de uma fase relativamente calma, sem queixas expressivas da população sobre preços ou acesso a bens básicos, destacando-se uma estabilidade econômica relativa na região autônoma.

Contudo, com a chegada do governo de Américo Ramos, as reclamações voltam a emergir com força, sinalizando que as políticas públicas ainda não foram suficientes para garantir uma efetiva melhoria na qualidade de vida dos moradores.

Em resposta, o diretor do comércio da região afirmou que foi enviada uma equipa da DERCAI à capital para analisar os custos do transporte e abastecimento dos produtos essenciais. A expectativa é que essa avaliação conduza à revisão dos preços em conjunto com os atores locais — pescadores, feirantes e transportadores.

Enquanto isso, os moradores da Ilha do Príncipe aguardam ansiosamente por ações concretas que tragam transparência, justiça e alívio financeiro para os consumidores, em uma economia que ainda enfrenta obstáculos estruturais profundos.

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