Foco na construção de soluções e no papel estratégico do Estado

Ambiente em risco: Seminário nacional exige mudanças estruturais na gestão de resíduos e no uso dos fundos ambientais, Sulisa Quaresma defende construção de centro de tratamento e maior transparência na aplicação dos recursos internacionais.

Foi com uma mensagem clara e incisiva que Sulisa Quaresma, diretora do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, interveio esta quarta-feira, 12 de junho, no seminário nacional sobre gestão de resíduos perigosos, realizado no Palácio dos Congressos. O evento, organizado pelo Ministério do Ambiente, Juventude e Turismo Sustentável, contou com a presença de parlamentares, técnicos da justiça, saúde e diversos setores estatais.

Mais do que uma formação técnica, o seminário transformou-se num espaço de reflexão crítica e exigência de mudanças reais. “Estamos num país onde ainda não existe um centro de tratamento de resíduos sólidos. É preciso dizer com todas as letras: isso não é mais aceitável”, afirmou a diretora, referindo-se à prática recorrente de despejo de lixo em lixeiras a céu aberto e terrenos abandonados.

A proposta que saiu do seminário é clara: o país precisa construir, com urgência, um centro moderno e funcional para o tratamento de resíduos — químicos, perigosos e sólidos —, de forma a proteger a saúde pública, reduzir a contaminação ambiental e reverter o impacto económico negativo.

Outro tema de forte impacto abordado foi a utilização dos fundos ambientais. Sulisa Quaresma denunciou que vários financiamentos internacionais, canalizados para projetos ambientais e de saúde através de ONGs, raramente se traduzem em ganhos concretos para o Estado são-tomense. “Temos que recuperar a nossa soberania sobre os fundos que entram em nome do país. É o Estado que deve coordenar e monitorar a aplicação desses recursos”, defendeu.

O seminário faz parte de uma campanha mais ampla, lançada na semana do Dia Mundial do Ambiente, para sensibilizar e capacitar os principais atores nacionais. A atualização da Lei de Base do Ambiente também esteve em destaque. A legislação, datada de mais de 20 anos, está em fase de revisão para incorporar os novos desafios ecológicos. O anteprojeto de atualização já foi elaborado e será brevemente submetido à apreciação governamental.

“O lixo não pode continuar a ser tratado como um problema invisível. Precisamos mudar mentalidades, envolver todos os setores, e sobretudo, dar o salto estrutural que o país exige”, concluiu Sulisa Quaresma, deixando o apelo para que o ambiente passe a ocupar o lugar de prioridade nacional que há muito lhe é devido.

 

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