Fórum dos Economistas desafia São Tomé e Príncipe a redefinir políticas públicas rumo ao desenvolvimento sustentável

O Terceiro Fórum dos Economistas de São Tomé e Príncipe realiza-se hoje, quarta-feira, 9 de julho, nas instalações do Banco Central, assinalando os 50 anos da independência nacional com um apelo direto à renovação das políticas públicas e à construção de soluções sustentáveis para os desafios económicos do país.

O evento reúne decisores políticos, especialistas nacionais e internacionais, representantes do setor privado, membros da sociedade civil e parceiros de desenvolvimento, sob o lema: “50 anos de políticas públicas: impactos, constrangimentos e perspetivas.”

A cerimónia de abertura é presidida pelo Chefe de Estado são-tomense, Carlos Vila Nova, que alerta para a necessidade urgente de repensar os caminhos trilhados nas últimas décadas:

“Temos estabilidade política e social, mas persistem fragilidades estruturais nas nossas políticas públicas. Falta planeamento adequado, mecanismos de controlo eficazes e uma verdadeira cultura de avaliação de impacto,” declarou o Presidente, apelando ao envolvimento ativo de toda a sociedade na construção de políticas eficazes e ajustadas à realidade nacional.

O fórum conta também com a intervenção do Coordenador Residente do Sistema das Nações Unidas, Eric Overvest, que reafirmou o compromisso da ONU com o processo de transição de São Tomé e Príncipe para a categoria de País de Rendimento Médio. Overvest sublinhou que, “crises são também janelas de oportunidade. É tempo de modernizar o Estado, apostar em setores estratégicos e investir seriamente no capital humano.”

Já o Primeiro-Ministro, Américo Ramos, acompanhado de membros do governo, representantes diplomáticos e altos quadros do setor económico, defende a necessidade de “estratégias integradas e políticas públicas orientadas por dados concretos” para ultrapassar a atual estagnação.

Durante os trabalhos, especialistas apresentam análises críticas sobre os efeitos acumulados de políticas públicas adotadas ao longo das últimas cinco décadas. Os números são preocupantes: apenas 7% do Produto Interno Bruto (PIB) corresponde à geração interna de riqueza, e cerca de 90% da energia consumida no país depende de fontes externas.

A crise económica mundial agrava a fragilidade interna. O aumento vertiginoso dos preços do petróleo em 2021 e 2022 impulsionou a inflação nacional para mais de 25%, ao passo que as reservas cambiais atingiram níveis historicamente baixos, comprometendo a estabilidade macroeconómica.

O fórum abordou igualmente os reflexos sociais da crise, como o crescimento da migração, a polarização entre diferentes grupos sociais e a crescente desconfiança nas instituições.

“Há uma clara divergência entre as expectativas da população e a realidade económica que se vive diariamente”, observou um dos especialista.

As mesas redondas e os painéis técnicos ao longo do dia visam traçar estratégias concretas para a mobilização de recursos internos, o reforço do setor privado e a criação de um ambiente propício ao investimento e ao crescimento inclusivo.

Na sessão de abertura, as autoridades deixam um apelo direto à ação:

“Este fórum não pode ser apenas mais um momento de reflexão. O país precisa de decisões corajosas, baseadas em diagnósticos sérios e compromissos reais com o futuro. São Tomé e Príncipe tem recursos, inteligência coletiva e legitimidade democrática para ser um exemplo de resiliência em África e no mundo.”

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