Governo e Banco Mundial alinham forças para tirar São Tomé e Príncipe da dependência energética e impulsionar saúde e economia

Num encontro decisivo realizado esta semana, o Ministro das Finanças de São Tomé e Príncipe, Garrett Guadalupe, reuniu-se com o Diretor Regional do Banco Mundial para África Central, Albert Zeufack, para reforçar a parceria estratégica entre o país e a instituição financeira internacional. A reunião ocorre às vésperas das Reuniões de Primavera do Banco Mundial e do FMI, marcadas para o final deste mês, nos Estados Unidos.

No topo da agenda estiveram a transição energética, a saúde pública e a estabilidade macroeconómica — pilares que o Governo considera fundamentais para garantir um desenvolvimento sustentável e menos vulnerável às crises externas.

Garrett Guadalupe foi direto ao ponto: São Tomé e Príncipe está refém do gasóleo. Com cerca de 97% da energia ainda gerada a partir de combustíveis fósseis, o país vê-se obrigado a gastar preciosas divisas na importação de combustível, comprometendo seriamente as finanças públicas. O ministro defendeu com firmeza a necessidade urgente de investir em energias renováveis, sobretudo a solar, como alternativa viável e estratégica para reduzir custos, proteger o ambiente e blindar a economia nacional.

No campo da saúde, o governante foi claro ao dizer que “não basta construir um novo hospital central”. O foco, segundo ele, deve estar em levar os cuidados de saúde onde o povo está. Propôs, assim, a implementação de clínicas móveis para garantir atendimento básico em comunidades isoladas, onde o acesso a médicos e medicamentos ainda é escasso ou inexistente.

A educação também entrou na pauta. Embora tenha reconhecido avanços, Guadalupe frisou que investir na qualificação do capital humano continua a ser essencial para o progresso do país a médio e longo prazo.

Albert Zeufack, por sua vez, não perdeu tempo em reafirmar o compromisso do Banco Mundial com São Tomé e Príncipe. Renovou o apoio à implementação de projetos de energia limpa e renovável, destacando que a aposta nesse setor está alinhada com outros eixos prioritários da instituição, como o turismo sustentável, a digitalização da economia, a construção de infraestruturas estratégicas — com destaque para estradas que facilitem o acesso turístico — e o fortalecimento do capital humano.

Zeufack ainda lançou um alerta estratégico: apesar de o arquipélago estar geograficamente afastado dos grandes conflitos, a atual guerra comercial entre potências globais pode trazer oportunidades inesperadas, como uma possível queda no preço do petróleo — o que seria vantajoso para um país tão dependente da importação de combustíveis.

A reunião terminou com um compromisso firme de reforçar a cooperação bilateral, com ações concretas e sustentáveis, centradas nas necessidades reais da população são-tomense.

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