Ministra Nilda da Mata exige compromisso global e ação local para enfrentar crise climática

Numa palestra intensa e emotiva realizada no dia 8 de julho, no Auditório do Centro Cultural Português, a Ministra do Ambiente, Nilda da Mata, lançou um forte apelo à mobilização coletiva frente às mudanças climáticas, defendendo que “os efeitos não têm fronteiras” — e que países como São Tomé e Príncipe, embora pouco poluentes, estão a sofrer duramente as suas consequências.

O evento contou com a presença do Subsecretário-Geral Adjunto da ONU e Diretor Executivo da UNOPS, Jorge Moreira da Silva, que reforçou a urgência de respostas estruturadas nos países em desenvolvimento. A ministra, visivelmente emocionada, destacou a importância do momento e partilhou a sua frustração com a lentidão da ação internacional.

“Não somos um país emissor, mas os efeitos das mudanças climáticas não escolhem culpados. A nossa floresta ainda resiste, mas por quanto tempo mais? A nossa população precisa entender que é agora ou nunca”, afirmou.

Durante a sua intervenção, Nilda da Mata apelou à preservação consciente dos recursos naturais e à proteção das futuras gerações, usando um exemplo simbólico:

 “Se cortarmos uma árvore, temos de plantar pelo menos três. Só assim poderemos garantir que os nossos filhos e netos ainda terão algo de que se orgulhar.”

A ministra também alertou para o risco real de uma crise hídrica e defendeu práticas agrícolas mais sustentáveis:

 “A irrigação precisa de ser amiga do ambiente. A água já não é infinita.”

Referindo-se à legislação nacional, frisou que São Tomé e Príncipe está longe de ser passivo no combate ambiental:

“Desde 1999 temos a nossa Lei de Base do Ambiente, hoje em revisão. A legislação sobre florestas e biodiversidade existe. O que falta? Financiamento e compromisso.”

Entre aplausos e reflexões, Nilda da Mata revelou que o país já está a realocar populações costeiras para zonas seguras e que está em curso a elaboração de um Plano Nacional de Adaptação às Mudanças Climáticas. Para financiar essas ações, o governo criou o Imposto Ecológico à Importação e iniciou negociações com Portugal para um inovador Fundo Climático Ambiental, baseado na conversão de dívida por ações ambientais.

 “Esperar por fundos internacionais é uma ilusão perigosa. O mundo falhou a meta de financiamento desde 2015. Temos de nos organizar internamente e encontrar soluções próprias”, concluiu.

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