O Tribunal de Contas de São Tomé e Príncipe celebrou seu 22º aniversário com uma mesa redonda de alto nível sobre “Mulheres na Liderança: Caminhos para a Igualdade e Transformação”. O evento, que contou com a participação de líderes nacionais e representantes de países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), como Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Portugal, sublinhou a importância crucial da participação feminina em todas as esferas da vida pública para o desenvolvimento sustentável.
Os oradores destacaram que, embora a participação das mulheres em cargos de liderança esteja a ganhar destaque, ainda é minoritária em instituições políticas, económicas e judiciais globalmente. No entanto, as evidências são claras: a maior presença feminina em posições de decisão resulta em maior equilíbrio social, melhor governação e políticas mais inclusivas.
No seio da CPLP, registaram-se avanços significativos na liderança política, académica, artística e judicial. Contudo, persistem barreiras culturais, estruturais e institucionais que limitam a representação feminina, especialmente em espaços técnicos e de decisão estratégica.
Em São Tomé e Príncipe, apesar das dificuldades históricas e resistências socioculturais, as mulheres têm desempenhado papéis cruciais desde a independência do país. O evento homenageou as mulheres líderes que, nas áreas da política, educação, justiça, diplomacia, cultura e ação social, têm moldado o percurso da nação.
Além das figuras amplamente reconhecidas, a mesa redonda também prestou homenagem às muitas mulheres santomenses que, de forma discreta e menos visível, exercem diariamente funções de liderança nas suas comunidades, escolas, centros de saúde, organizações sociais e pequenas empresas, contribuindo ativamente para o desenvolvimento sustentável e a coesão social.
A promoção da liderança feminina está profundamente alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), nomeadamente o ODS 5 (Igualdade de Género), que visa assegurar a participação plena e efetiva das mulheres em todos os níveis de decisão, e o ODS 16 (Paz, Justiça e Instituições Eficazes), que defende a criação de instituições mais inclusivas, responsáveis e transparentes.
O Tribunal de Contas reafirmou o seu compromisso com a valorização das competências femininas e a criação de condições equitativas de acesso à formação, carreira e liderança. Destacou-se com orgulho a participação de quatro auditoras do Tribunal de Contas de São Tomé e Príncipe no Programa de Intercâmbio Profissional (PROINTER) no Brasil, uma experiência que serviu de inspiração para a realização da mesa redonda.
A União Europeia, através do Programa ProPALOPE-TL, reiterou o seu compromisso com a boa governação, a equidade de género e o fortalecimento das instituições democráticas nos países parceiros. O programa integra a igualdade de género não apenas como um princípio transversal, mas como uma atividade central e estruturante, visando uma economia mais inclusiva, equitativa e sustentável.
A mesa redonda foi um espaço de partilha, escuta ativa e construção de caminhos concretos para que mais mulheres possam liderar. Os participantes expressaram o desejo de que este evento inspire ações concretas, políticas institucionais sólidas e um verdadeiro compromisso coletivo para promover a liderança feminina em todos os setores, em prol de uma sociedade mais justa, coesa e harmoniosa.
“A presença feminina nos espaços de decisão não é apenas desejável, mas é essencial”, afirmou um dos oradores, sublinhando que mulheres em posições de liderança trazem perspectivas únicas, promovem ambientes mais inclusivos e colaborativos, e impulsionam a inovação e o crescimento sustentável das organizações. O evento concluiu com um apelo à continuidade do caminho, com o reconhecimento e a gratidão a todas as mulheres que, com coragem e competência, têm aberto caminhos e inspirado gerações.