Chefe de Estado juntou-se à marcha nacional promovida pelo Ministério Público e apelou a um esforço coletivo para erradicar abusos contra crianças e adolescentes em São Tomé e Príncipe.
Milhares de pessoas marcharam esta segunda feira, 12 de maio, pelas ruas de São Tomé e Príncipe, numa poderosa mobilização nacional contra a violência sexual infantil. Organizada pelo Ministério Público, a marcha assinalou o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes e reuniu todos os ministérios, organizações da sociedade civil e uma juventude determinada a dizer basta ao silêncio.
A presença do Presidente da República deu peso político e emocional ao evento. Em discurso marcante, o Chefe de Estado alertou para a gravidade da violência sexual contra menores e apelou a um combate intransigente ao flagelo:
“Os traumas, nem sempre têm cura. Eu sou testemunho de muitos. Alguns são tão graves que nem dá para falar sobre eles, nem em privado”, afirmou, visivelmente comovido.
Em tom firme, o Presidente sublinhou que a família deve ser o primeiro porto seguro da criança:
“É intolerável que uma criança tenha medo de um simples toque. A infância precisa ser protegida, não violada.”
Ele relatou ainda um episódio recente no interior do país, onde um grupo de jovens fugiu ao ver o seu carro a parar, temendo uma possível ameaça. “Essa desconfiança diz tudo. Precisamos reconstruir a confiança e a autoestima das nossas crianças desde cedo.”
A marcha estendeu-se também à ilha do Príncipe e deu início a uma semana nacional de ações de sensibilização, que inclui inauguração de centros integrados de apoio a vítimas no Tribunal da Água Grande, campanhas educativas nas escolas e palestras em instituições do ensino superior.
O Ministério da Educação concedeu tolerância de ponto aos estudantes da região da Água Grande, garantindo forte participação juvenil. O Ministério Público e a coordenação executiva da Rede de Proteção à Criança e ao Adolescente foram amplamente elogiados pelo esforço conjunto na concretização da iniciativa.
“Esta marcha não é apenas um ato simbólico — é um grito coletivo de proteção. São Tomé e Príncipe está de pé pelas suas crianças, e esta é a imagem que queremos mostrar ao mundo”, declarou um magistrado do Ministério Público.
A ausência do Primeiro-Ministro, em missão oficial no exterior, não impediu o apoio institucional à iniciativa, que ficou marcada como uma das manifestações públicas mais relevantes da causa nos últimos anos.