O Diretor do Conselho de Administração da Segurança Social, Gilmar Benguela, garantiu esta terça-feira, em conferência de imprensa, que nenhum funcionário da instituição foi detido ou constituído arguido no âmbito da “Operação Pensionista”, que investiga o desvio de quase quatro milhões de euros.
Numa declaração cautelosa, Benguela fez questão de assegurar que os fundos dos pensionistas estão intactos e protegidos. Segundo ele, o dinheiro desviado pelos suspeitos não saiu diretamente das contas da Segurança Social, deixando no ar a questão sobre a origem exata dos valores envolvidos no esquema fraudulento.
Se os milhões não saíram da conta da Segurança Social, como conseguiram os suspeitos movimentar quantias tão avultadas? Essa é a grande incógnita que as investigações tentam esclarecer. A apreensão de viaturas de luxo, joias, relógios de marca e até um estúdio de televisão levanta suspeitas sobre um esquema bem mais sofisticado do que inicialmente se pensava.
A explicação de Gilmar Benguela abre margem para novas hipóteses do dinheiro que pode ter sido desviado antes mesmo de entrar oficialmente nos cofres da Segurança Social, através de manipulações informáticas ou fraudes bancárias.
Podem ter existido cúmplices em instituições financeiras, permitindo transações irregulares sem chamar atenção das autoridades de supervisão.
O esquema pode envolver empresas fantasmas ou contratos fraudulentos, utilizados para mascarar a origem e destino dos montantes desviados.
Apesar da garantia de que os fundos da Segurança Social estão seguros, a conferência de imprensa não esclareceu como um montante tão elevado pôde ser desviado sem que a instituição detectasse5 irregularidades a tempo. Gilmar Benguela optou por um discurso defensivo, sem revelar detalhes que pudessem comprometer a investigação em curso.
A revelação de que nenhum funcionário da Segurança Social foi constituído arguido levanta ainda mais suspeitas sobre a possível participação de agentes externos no esquema.
No entanto, fontes próximas da investigação não descartam que novos nomes possam surgir à medida que a análise dos documentos e transações bancárias avance.
A Procuradoria-Geral da República já deixou claro que a “Operação Pensionista” está longe de terminar e que mais detenções poderão ocorrer nos próximos dias.
A rede criminosa pode ser mais ampla do que inicialmente pensado, e o Ministério Público tem indícios de que outras entidades e indivíduos possam estar envolvidos.
A população, por sua vez, exige transparência e respostas concretas. Se o dinheiro dos pensionistas nunca saiu da conta da Segurança Social, de onde veio o montante milionário utilizado para financiar o estilo de vida luxuoso dos suspeitos? Essa é a pergunta que ainda não tem resposta — mas que a investigação promete desvendar em breve