Químicos Perigosos em São Tomé e Príncipe: Projeto Islands Expõe Lacunas Graves na Gestão de Resíduos

Realizou-se esta semana, no Centro de Formação Brasil–São Tomé, um workshop crucial, mas também revelador: o projeto “Islands”, que visa a gestão de químicos perigosos e seus resíduos, entrou numa fase de validação de dados – e expôs verdades duras sobre a realidade do país.

O projeto, financiado por parceiros internacionais, trouxe à luz o que muitos já sentem no dia a dia: São Tomé e Príncipe não possui infraestruturas adequadas para lidar com resíduos químicos, produtos eletrónicos obsoletos e veículos em fim de vida.

Segundo a engenheira Sulisa Quaresma, “o país tem importado cada vez mais químicos e equipamentos eletrónicos, mas, quando estes se tornam lixo, não há destino adequado. O que resta é improvisar – ou exportar para quem tem como tratar.”

Além disso, apesar da existência de convenções internacionais como Basileia, Rotterdam, Estocolmo e Minamata – todas ratificadas pelo país – a legislação nacional ainda carece de revisão urgente. A fiscalização é limitada. E as instituições, segundo a diretora Sulisa Quaresma, ainda lutam para implementar normas básicas de segurança química.

“Estamos a tentar capacitar as câmaras, as instituições, mas é preciso mais. É preciso empreendedores que apostem nesse setor. E é preciso que o país leve a sério a ameaça que estes resíduos representam para a saúde e o ambiente”, reforça a diretora.

O workshop, embora técnico, acabou por escancarar um problema estrutural: falta estratégia, falta capacidade e, principalmente, falta de políticas publicas  para tratar resíduos perigosos como o risco que realmente representam.

Enquanto isso, os químicos continuam a acumular-se, muitas vezes em lixeiras ou terrenos baldios, expondo comunidades inteiras a riscos silenciosos – e, muitas vezes, invisíveis.

 

 

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