Santa Adelaide, São Tomé e Príncipe – Depois de longos anos sem acesso à electricidade, a comunidade rural de Santa Adelaide, no distrito de Mé-Zóchi, passou a beneficiar de um sistema de energia solar fotovoltaica, resultado de uma acção governamental em parceria com a empresa belga Rutten New Energy System (NES).
Composta por cerca de 55 famílias e isolada da rede nacional da EMAE, Santa Adelaide torna-se agora um exemplo de transição energética sustentável e de inclusão social.
O projeto contempla a instalação de 144 painéis solares fotovoltaicos monocristalinos, fixados sobre 12 contentores de 20 pés, onde também se encontra o sistema de armazenamento hidropneumático DaNi, que utiliza ar e água comprimidos para garantir o fornecimento de energia durante a noite — sem baterias químicas, ruídos ou emissões poluentes.
A produção eléctrica totaliza 48,24 kWp, com o apoio de um gerador auxiliar de 7,5 kW. O fornecimento é distribuído de forma inteligente, com prioridade ao centro comunitário, à iluminação pública e às residências, respeitando os limites de carga previamente definidos para garantir o funcionamento contínuo. O sistema foi projectado para permitir futura integração à rede da EMAE, com a infra-estrutura de baixa tensão construída de acordo com os padrões nacionais.
A chegada da energia foi recebida com entusiasmo pelos moradores.
“Com a chegada da energia, a vida dos moradores vai mudar muito”, declarou Mário Quaresma, residente local. No entanto, ele não deixou de mencionar a persistência de problemas no acesso à água potável e às vias de comunicação, que continuam a dificultar a vida da comunidade.
O líder comunitário de Santa Adelaide, Ambrósio Sanches, afirmou emocionado que recebeu a inauguração do sistema fotovoltaico com profunda gratidão:
“Esta acção do Governo deixou-nos muito satisfeitos. É um passo que esperávamos há muitos anos.”
O Representante do Presidente da Câmara Distrital de Mé-Zóchi, Deodato Lima, também sublinhou a importância do momento:
“Durante anos os moradores viveram limitados sem acesso à energia eléctrica. Esta mudança vai impulsionar o desenvolvimento local.”
O Primeiro-Ministro e Chefe do Governo, Américo Ramos, presente na cerimónia, declarou:
“Este sistema pode assegurar energia 24 sobre 24 horas, graças ao modelo sustentável e eficiente instalado, que respeita os princípios de integração tecnológica, social e ambiental.”
Américo Ramos também prometeu resolver, em breve, os problemas de água potável e da via de acesso à comunidade.
O projeto contou com apoio técnico e institucional da Embaixada da Bélgica para São Tomé e Príncipe e Angola, cujo representante, Stéphane Doppagne, afirmou: “Esta solução foi desenhada para beneficiar diretamente a comunidade e servir de modelo para futuras iniciativas no país.”
O projeto prevê a formação contínua de operadores e membros da DGRNE na operação e manutenção do sistema, incluindo o manuseio do sistema DaNi e intervenções preventivas. Está igualmente em curso uma campanha de sensibilização comunitária para promover boas práticas no uso da electricidade.
Com uma execução total de quatro meses, a iniciativa posiciona-se como um modelo de energização rural sustentável, alinhado com a política do XIX Governo de expandir o acesso à electricidade em todas as regiões do país.